A viúva espanhola de Christina Ricci



Em 2011, o diretor de arte da célebre marca Givenchy, Riccardo Tisci, assumiu a 60ª edição da revista Visionaire, cujo tema escolhido foi 'Religião'.

A proposta da revista é a de "oferecer um fórum para trabalhos de artistas conhecidos e também emergentes do mundo todo, bem como de personalidades, designers de moda, diretores de arte e artistas visuais" (Visionaire). São feitas apenas três publicações por ano e a produção de um número limitado de exemplares. Os artistas convidados fazem suas interpretações sobre um tema sempre diferente, além disso, o formato da revista muda a cada publicação.

E foi nesse contexto religioso que a atriz Christina Ricci posou para os fotógrafos Daniele Duella e Iango Henzi, nua, contudo, trajando acessórios típicos das mulheres da Espanha, país que viveu durante séculos sob o controle do catolicismo e da sua Santa Inquisição. Ricci tem sua nudez coberta por uma mantilla, uma espécie de véu que as espanholas usam em ocasiões solenes ou festivas como bailes, casamentos ou velórios. A mantilha negra, entretanto, é típica do luto, portanto, a atriz encarna uma mulher enlutada, o que não nos revela a cena de imediato, com os cabelos presos exuberantemente no melhor estilo cigano. A composição monumental do arranjo dos seus cabelos contrasta com a nudez: seu corpo pálido, sem adornos, repousa de joelhos enquanto todo o excesso pende em sua cabeça, os cabelos negros que trançados brilham cheios de textura e as flores claras em oposição. A renda da mantilha causa um efeito floral interessante na pele de Christina, que lança um olhar muito expressivo para o lado iluminado da cena. Seu corpo nu fica quase todo imerso nas sombras, o que não mostra - e mesmo o que mostra - é misterioso. A nudez, embora presente é escamoteada no jogo de luz e sombra. 

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