The Voyeur, Paolo Roversi, 2012 |
O italiano Paolo Roversi, fotógrafo há 49 anos, não sucumbiu à era digital e permanece realizando seus trabalhos fotográficos com filme, em especial os de formato 8x10, sua predileção desde a década de 80 e que se tornou uma espécie de assinatura.
Foram os retratos expressivos e atemporais além dos editoriais de moda pitorescos que lhe renderam o sucesso mundial, entretanto, vez por outra, Roversi apresenta trabalhos que fogem à atmosfera tradicional de suas imagens, que mesclam austeridade, melancolia, rebuscamento barroco e deslumbramento fantástico, embora a estética proporcionada pelo uso dos filmes seja de pronto reconhecida.
No ensaio para a Revista Acne Paper em 2012, Paolo Roversi registrou uma ambiência que não lhe é propriamente usual embora a marca autoral do seu trabalho estivesse presente. Diante das lentes do fotógrafo, um casal protagoniza uma cena erótica e Roversi, como sugere o título do ensaio The Voyeur, encarnaria o papel do escopofílico, que, embora não visto, vê e registra os momentos de intimidade dos parceiros. O deleite em observar fica implícito, já que o ofício do fotógrafo é, acima de tudo, ser um exímio observador.
Nesse sentido, o voyeurismo fictício do ensaio de Roversi suscita uma interessante reflexão sobre o nível de voyeurismo real que envolve o trabalho do fotógrafo, inclusive o papel que ele desempenha em estimular o desejo e o prazer em olhar nos consumidores do seu trabalho.
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